Estas práticas ajudam no emagrecimento e na melhora da saúde, prevenindo o envelhecimento precoce
Você sabia que para dar início a prática do jejum intermitente é essencial uma adaptação? A alimentação correta, pobre em carboidratos em geral, a famosa dieta low carb e cetogênica, fazem parte do processo para quem pretende criar o hábito de ficar períodos sem se alimentar, ou seja, o jejum planejado. No consultório da Raisa Paula Ferreira de Araújo, ela nunca recomenda jejum a um paciente que esteja em início de protocolo. “Isso porque a gente precisa estar cetoadaptado, ou seja, produzindo energia através de corpos cetônicos, queimando a nossa própria gordura para produção de energia”, explica.
Raisa explica que “a forma de energia mais rápida para nosso organismo é a glicose, e isso explica o porquê quando estamos com fome, sentimos a necessidade imediata de comer carboidrato e açúcar”, diz a médica. Mas, a forma mais eficaz, a que o corpo melhor funciona, é através de corpos cetônicos. Isso se comprova com a melhora da performance, do sono, da cognição, do emagrecimento mais rápido e eficaz, quando o paciente se adapta a dieta de baixo consumo de carboidrato.
A via de obtenção de energia através do carboidrato, glicolítica, faz com que os picos de glicose e insulina gerados durante o dia deixem o paciente com mais fome e propicia períodos de hipoglicemia, mal-estar, sudorese e tontura se submetidos a jejuns. Ao trocar o carboidrato pela gordura, você para de estimular insulina, que é nosso hormônio mais inflamatório e o responsável por essa sensação de fome exagerada. Ao mudar o perfil alimentar, você automaticamente conseguirá ficar períodos maiores sem se alimentar e sem os efeitos colaterais citados acima. “Então, a primeira coisa que faço é tirar o paciente dessa via de obtenção de energia pelo carboidrato (glicolítica) e mudar para a via betaoxidativa, que é a obtenção de energia através da gordura”, explica.
Nesse processo de adaptação, em um período de quatro a cinco dias, o paciente pode sentir alguns sintomas, como cefaleia, constipação intestinal e até irritabilidade. Isso porque precisamos de um tempo para produzir os transportadores que vão levar nossa gordura até o fígado para produção de cetonas. A partir daí começamos a produzir energia por meio de corpos cetônicos. Assim, quando o paciente está cetoadaptado, vai se adaptar com mais facilidade ao jejum. ‘’Raisa explica, ainda, que o que corta o jejum são macronutrientes: gordura, proteína e carboidrato, as vitaminas, minerais e possíveis hormônios usados pelos pacientes podem ser consumidos.
Existem dois tipos de jejum, o calórico e o metabólico, no calórico é permitido o consumo apenas de água, chás e café sem açúcar. Já no metabólico é permitido o consumo de triglicérides de cadeia média, que não estimulam insulina, ou seja, óleo de coco, a manteiga ghee ou até mesmo o mct. Raisa dá a dica que se durante o período proposto para jejuar sentir fome, o truque é tomar um café com óleo de coco, você sairá do calórico, mas não vai estimular insulina, então permanecerá no metabólico.
São nítidas as melhoras dos pacientes que são adeptos das dietas low carb, cetogênica e do jejum, tanto esteticamente quanto na saúde como um todo. Há, comprovadamente, melhoras no perfil glicídico e lipídico, além da concentração e cognição. “São práticas excelentes, mas tem que ter muito cuidado”, avisa a médica. Jejuns prolongados, como os de 24 ou 36 horas não devem ser feitos todos os dias. Já as práticas de 8 ou 12 horas podem ser feitas com mais frequência, mas sempre com o acompanhamento de um especialista.
Depois da adaptação, o paciente permanece com glicemia fisiologicamente mais baixa. “Com isso, há um aumento na secreção de GH, fazendo com que a prática do jejum seja eficaz no anabolismo saudável, ou seja, no ganho de massa magra”, explica Raisa.
Outro benefício do jejum é a longevidade. “Há estudos comprovando o aumento da telomerase, uma enzima que protege o encurtamento dos telômeros (responsáveis pela proteção do nosso material genético). Assim, evita-se a morte das células prematuramente e, com isso, o envelhecimento precoce e o aparecimento de doenças degenerativas”, afirma a médica. Por isso, com a ajuda de um profissional capacitado é possível fazer uma adaptação adequada e tirar os melhores benefícios da prática do jejum.